Correndo no areal – Running in sand

Nas tardes dos dias de verão gosto de passear os meus cães na praia. São dois cães, um rafeiro, resgatado da vida de rua, de seu nome Mel. Mais irrequieto, experto como são todos os que viveram e experimentaram viver na rua. E um de “sangue azul” de seu nome Bilbo, mais velho, mais descontraído, talvez pelo facto de tudo o que tem ser um dado adquirido, algo ciumento, refilão e com a mania que ele é que sabe e ele é quem manda e com uma paciência inesgotável. Amigos inseparáveis, mesmo que estejam sempre em competição. À medida que nos aproximamos do mar são momentos indescritíveis, um espasmo de felicidade apodera-se dos dois. Começa um frenesim, os olhos esbugalhados, um latir como que a dizer “deixa-me ir, deixa-me ir”, e assim que os solto, a correria começa como que uma corrida para ver quem chega primeiro ao mar. Correm de um lado para outro pela orla do mar, experimentam a temperatura da água, mas  de repente param e de focinho erguido, fixam quem falta entrar na água, eu. E então começam a ladrar novamente como que a dizer “ Anda vem brincar, vamos para a água, atira a bola”. Enquanto permanecemos na praia este frenesim mantém-se sempre constante sem descanso, uma dose inesgotável de energia. Depois por fim mais ao entardecer, já com as línguas penduradas, completamente estoirados mesmo que não o queiram demonstrar, lá voltamos a casa, um pouco mais felizes. São realmente momentos únicos e de uma felicidade extrema que só mesmo os cães conseguem transmitir.

Filipe Barroso

 

~ by Filipe Barroso on November 9, 2013.